24 Abril, 2017 Conhecimento transformador
No Pátio das Memórias, quem conta as suas memórias é convidado/a a fazer parte da equipa que edita o texto das narrativas. Os autores leem o texto da transcrição das suas narrativas registadas em gravador áudio, acrescentam informação, corrigem, modificam a maneira de explicar.
No computador, cada autor analisa e dá o seu parecer sobre a proposta de hipertexto. Sempre que o deseje, pode utilizar as ferramentas eletrónicas para ensaiar formas de apresentação da sua narrativa e das ilustrações com fotos, vídeos e ligações à Internet.
Estas tarefas estimulam a reflexão sobre aspetos formais da língua portuguesa, tais como a transição do texto oral para o texto escrito sujeito a normas específicas, a pontuação, a extensão das frases, a sequência. As tarefas de revisão do texto num ambiente eletrónico também estimulam a familiarização com a semântica do computador e os recursos que oferece para editar da forma mais apelativa para o autor e para os futuros leitores. Os autores desenvolvem a literacia tecnológica com sentido a partir da edição dos seus próprios textos.
Jerome Bruner sublinha o potencial transformador da reflexão sobre as narrativas na atualidade: “Para que a narração se converta num instrumento da mente ao serviço da criação de significado, é necessário trabalho da nossa parte: lê-la, fazê-la, analisá-la, entender a sua arte, perceber os seus usos, discuti-la. Estas são questões que se entendem muito melhor hoje do que na geração anterior” (Bruner, 1999: p. 61).
Maria da Luz Correia
Diretora da Associação Pátio das Memórias do Alentejo Litoral, Sines
Referências
Bruner, J. (1999). La educación, puerta de la cultura [The Culture of Education, 1997]. Madrid: Visor