As minhas primas viviam com muitas dificuldades. Batiam à porta, à noite para ninguém as ver. “Venho cá ver se a prima me dava alguma coisinha”, era assim que diziam.
Quando a minha mãe casou [Elisia, filha de Rafael Rodrigues Pai-Avô], tinha que sair de casa alugada para poupar a renda e ter dinheiro para as obras numa casa que era da minha tia. A minha tia fez a doação à irmã e ao marido.
A minha mãe fez a casa no celeiro. Ainda teve que pedir dinheiro emprestado. Onde eram as portas, púnhamos cortinas para não se ver para dentro. Não havia vidros nas janelas, só tinha as portadas de madeira.
Um dia, a Tia Custódia, criada da Tia Maria Rita, disse à minha mãe para pôr os vidros que ela pagava. E foi assim que a casa passou a ter vidros nas janelas.
R. Marquês de Pombal, Sines, Portugal