Os CTT Correios de Portugal assinalaram em 1972, com uma emissão de selos, o bicentenário da criação do ensino primário em Portugal. Nos anos preparatórios, a família de António da Luz Correia e de Madalena Santos, filha do Alferes António Pinela, de Sines, ainda vivia na Ilha da Madeira.
António da Luz Correia era engenheiro nos CTT. Apresentou uma proposta para um selo comemorativo inédito com um desenho de uma criança, aluna do ensino primário. A proposta foi bem acolhida pelas chefias.
Após a aprovação da proposta, o meu pai mobilizou os recursos mais próximos. Lembro-me vagamente de me ter incentivado a fazer alguns desenhos sobre a escola. Um deles seria escolhido para fazer o selo. Na época (1965), eu tinha 9 anos de idade e era aluna da 4ª classe na Escolinha Alemã do Funchal. As crianças utilizavam lápis de cera, os mesmos que utilizei no desenho que veio a ser selecionado.
No desenho são visíveis as referências pessoais, as batas azuis, o jardim com um pequeno lago, canteiros de flores, a figura da Tante Guida (tia, em alemão, a forma de tratamento das professoras na Escolinha). Vivi a experiência com o prazer de sempre, escolher as cores, desenhar o cenário com pormenor e explorar a textura do traço dos lápis de cera no papel cavalinho. Não me lembro de estar preocupada com o selo. Nem percebia como é que um desenho normal podia caber num selo!
Finalmente, o selo foi emitido com o valor de 5$30 (cinco escudos e trinta centavos) na coleção dos CTT (Ilustração 2).
A emissão de um selo baseado no desenho de uma criança suscitou interesse fora de Portugal. Em 1973, o Sr. Swanston enviou uma carta solicitando ao meu pai o envio de uma amostra de quatro selos e informações sobre “Miss Maria da Luz”, a criança autora do desenho. Com esta amostra de selos, Portugal estaria finalmente representado na exposição em Eccles, Manchester, Inglaterra. O Sr. Swanston foi persistente. Não tinha obtido resposta aos pedidos anteriores.
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